sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Gloomy Sunday: a canção húngara dos suicidas

Bem, seguindo a linha, hoje postarei a história incrível de mais uma das mais marcantes canções de todos os tempos, ligada também à cantora Billie Holiday: "Szomorú Vasárnap"

História:
 
"Szomorú Vasárnap", ou "Gloomy Sunday", ou ainda "Domingo Sombrio", em português, é uma canção que foi escrita pelo pianista e também compositor húngaro Rezsõ Seress, em 1933.

Dizem as más línguas que essa canção possui algum tipo de mensagem subliminar ou não, que levam pessoas que a escutam ao suicídio. Tudo começou depois do suicídio de Seress, seguido de uma onda de suicídios por onde quer que a música passasse.
Ao chegar nos EUA em 1936 (em plena ressaca da grande depressão de 1929), a “Hungarian suicide song” como era chamada , foi alvo de grande exploração publicitária e tornou-se assim um sucesso! A melodia é muito depressiva e desesperante. A letra nos passa uma leve sensação de angústia.
Na época, o jornal New York Times, publicou:

"Budapeste, 13 de janeiro. Rezsõ Seress, cuja canção triste, “Gloomy Sunday”, foi acusada de provocar uma onda de suicídios durante 1919/1930, já terminou a sua própria vida com um suicídio.
Autoridades divulgaram hoje que o Sr. Seress saltou de uma janela de seu pequeno apartamento aqui no domingo passado, pouco tempo depois do seu 69º aniversário.
A década dos anos trinta, foi marcada por uma grave depressão econômica e da turbulência política que estava a conduzir a II Guerra Mundial. A melancólica canção escrita por Mr. Seress, com palavras pelo seu amigo, Ladislas Javor, um poeta, declara no seu clímax, “Meu coração e tomei a decisão de acabar com tudo.” Foi culpa de um aumento acentuado nos suicídios, húngaro e funcionários que finalmente proibido. Na América, onde Paul Robeson introduziu uma versão em Inglês, na qual algumas estações de rádio e boates proibiam o seu desempenho.
Mr. Seress queixou-se de que o sucesso de “Gloomy Sunday”, na verdade, aumentou a sua infelicidade, pois sabia que ele jamais seria capaz de escrever um segundo sucesso."
- New York Times, 1968

Inúmeras versões da canção foram gravadas e lançadas. Michael Brooks escreveu nas notas de capa de um conjunto de 10 CDs; "Lady Day" – the Complete Billie Holiday on Columbia, 1933–1944, o seguinte:

"Gloomy Sunday chegou à América em 1936 e, graças a uma brilhante campanha publicitária, ficou conhecida como "A Canção Húngara do Suicídio". Supostamente, depois de a ouvirem, amantes perturbados seriam compelidos a saltar da primeira janela que encontrassem, mais ou menos como os investidores depois de Outubro de 1929; ambas as histórias são em grande parte mitos urbanos."

Letra original em húngaro:
Szomorú vasárnap
száz fehér virággal
vártalak kedvesem
templomi imával.
Álmokat kergető
vasárnap délelőtt,
bánatom hintaja
nélküled visszajött.
Azóta szomorú
mindig a vasárnap,
könny csak az italom,
kenyerem a bánat.
Szomorú vasárnap.

Utolsó vasárnap
kedvesem gyere el,
pap is lesz, koporsó,
ravatal, gyászlepel.
Akkor is miránk vár,
virág és – koporsó.
Virágos fák alatt
utam az utolsó.
Nyitva lesz szemem, hogy
még egyszer lássalak.
Ne félj a szememtől,
holtan is áldalak…
Utolsó vasárnap.

Letra traduzida em português:
É outono e as folhas estão caindo
Todo o amor morreu na Terra
O vento está chorando com lágrimas de tristeza
Meu coração nunca vai esperar uma nova primavera novamente
Minhas lágrimas e meus sofrimentos são em vão
As pessoas são insensíveis, gananciosas e más...
O amor morreu!
O mundo chegou ao seu fim, a esperança deixou de ter um significado
As cidades estão sendo exterminadas, Estilhaços fazem música
Prados estão coloridos de vermelho com sangue humano
Há pessoas mortas nas ruas em todos os lugares
Direi outra oração silenciosa:
As pessoas são pecadoras, Senhor, elas cometem erros...
O mundo acabou!

Surgiram depois duas versões em inglês: uma por Sam Lewis e outra de Desmond Carter. A versão de Carter é mais sombria e menos popular que a de Lewis.

Versão de Lewis:

Sunday is gloomy, my hours are slumberless
Dearest the shadows I live with are numberless
Little white flowers will never awaken you
Not where the black coach of sorrow has taken you
Angels have no thought of ever returning you
Would they be angry if I thought of joining you?

Gloomy Sunday

Gloomy is Sunday, with shadows I spend it all
My heart and I have decided to end it all
Soon there'll be candles and prayers that are sad I know
Let them not weep let them know that I'm glad to go
Death is no dream for in death I'm caressing you
With the last breath of my soul I'll be blessing you

Gloomy Sunday

Dos vários intérpretes, foi Billie Holiday quem mais contribuiu para popularizar o tema. A interpretação de Billie Holiday utilizou a versão de Lewis e ao tema original, adicionando uma 3ª estrofe com o objectivo de reduzir o tom pessimista da canção transmitindo a ideia de que toda a tragédia não passara de um sonho. De notar durante a audição que ao chegar à terceira estrofe a música fica mais luminosa devido à mudança para a tonalidade maior. (http://www.youtube.com/watch?v=giIViiO9a-A)

A terceira estrofe:

Dreaming, I was only dreaming
I wake and I find you asleep in the deep of my heart, here
Darling, I hope that my dream never haunted you
My heart is telling you how much I wanted you

Gloomy Sunday
 
Desde a sua origem, “Gloomy Sunday” foi interpretado nas suas diversas versões por vários intérpretes. A lista que se segue não é exaustiva:


Lista de intérpretes:

Hal Kemp & his Orchestra
Paul Whiteman & his Orchestra
Artie Shaw & his Orchestra
Billie Holiday
Lydia Lunch
Elvis Costello & the Attractions
The Associates
Marianne Faithfull
Carol Kidd
Sinéad O'Connor
Gitane Demone
Sarah McLachlan
Björk
Heather Nova
Sarah Brightman





 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Strange Fruit: a primeira canção antirracismo dos EUA.

"Strange Fruit" é uma canção cuja versão mais famosa é a de Billie Holiday. Condenando o racismo americano, especialmente o linchamento de afroamericanos que ocorreu principalmente no Sul dos Estados Unidos, mas também aconteceu em outras regiões do país. A versão de Holiday foi colocada na lista do Hall da Fama do Grammy em 1978. Também foi incluída na lista de canções do século da "Recording Industry of America" e da "National Endowment for the Arts".



Autoria:
A canção foi composta como um poema, escrito por Abel Meeropol, um professor judeu de colégio do Bronx, sobre o linchamento de dois homens negros. Ele a publicou sob o pseudônimo de Lewis Allan. Meeropol e sua esposa depois adotaram Robert e Michael, filhos de Julius e Ethel Rosenberg, acusados e condenados por espionagem e executados pelo governo dos Estados Unidos.
Meeropol escreveu "Strange Fruit" para expressar seu horror com os linchamentos, possivelmente após ter visto a fotografia de Lawrence Beitler do linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith em Marion, Indiana, ocorrido em 7 de agosto de 1930. Ele publicou o poema em 1936, em The New York Teacher, uma publicação sindical. Embora Meeropol/Allan tenha sido frequentemente convidado por outros (notavelmente Earl Robinson) para musicar seu poema, só após algum tempo ele musicou Strange Fruit. A canção teve algum sucesso como canção de protesto na região de Nova York. Meeropol, sua esposa e a vocalista negra Laura Duncan apresentaram-na no Madison Square Garden. Barney Josephson o fundador do Cafe Society em Greenwich Village, a primeira casa noturna integrada da cidade, ouviu a canção e a apresentou a Billie Holiday. Holiday cantou a música pela primeira vez no Cafe Society em 1939. Ela disse que cantá-la fazia-a ter medo de retaliações. Holiday mais tarde disse que as imagens de "Strange Fruit" lembravam-na de seu pai, isto fez com que ela continuasse a cantar a música. A canção tornou-se parte regular das apresentações ao vivo de Holiday.
Holiday se aproximou de sua gravadora, a Columbia Records, para gravar a canção. Mas a Columbia, temendo a repercussão das lojas de discos no sul, assim como a possível reação negativa de rádios afiliadas à CBS, recusou-se a gravar a canção. Mesmo o grande produtor da Columbia, John Hammond, recusou-se também. Decepcionada, ela procurou seu amigo Milt Gabler (tio do comediante Billy Crystal), cuja selo, a Commodore Records, gravava músicas de jazz alternativo. Holiday cantou para ele "Strange Fruit" a cappella e a canção comoveu Gabler ao ponto de fazê-lo chorar. Em 1939, Gabler fez um arranjo especial com a Vocalion Records para gravar e distribuir a canção e a Columbia permitiu a realização de uma sessão fora do contrato para poder gravar a música.
"Strange Fruit" foi altamente considerada. Na época, tornou-se o maior sucesso de vendar de Billie Holiday. Em sua autobiografia, Lady Sings the Blues, Holiday sugeriu que ela, junto com Lewis Allan, seu acompanhante Sonny White e o arranjador Danny Mendelsohn, musicaram o poema. Quando perguntada, Holiday - cuja autobiografia fora escrita pelo ghost-writer William Dufty - dizia, "Eu nunca li aquele livro".

Letra (original):
Strange Fruit
Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black body swinging in the Southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant South,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolia sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh!

Here is fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.

Tradução (português):
Estranho Fruto

As árvores do Sul estão carregadas com um estranho fruto,
Sangue nas folhas e sangue na raiz,
Um corpo negro balançando na brisa sulista
Um estranho fruto pendurado nos álamos.

Uma cena pastoral no galante Sul,
Os olhos esbugalhados e a boca torcida,
Perfume de magnólia doce e fresco,
Então o repentino cheiro de carne queimada!

Aqui está o fruto para os corvos arrancarem,
Para a chuva recolher, para o vento sugar,
Para o sol apodrecer, para as árvores fazer cair,
Eis aqui uma estranha e amarga colheita.

Impacto:
Barney Josephson reconheceu o impacto da canção e insistiu para que Holiday encerrasse suas apresentações com ela. Quando a canção estava para começar, os garçons paravam de servir as mesas, todas as luzes se apagavam e um único foco de luz iluminava Holiday no palco. Durante a introdução musical, Holiday ficava com seus olhos fechados, como se evocando uma oração. Numerosos outros cantores também fizeram versões da canção. Em outubro de 1939, Samuel Grafton do The New York Post assim descreveu "Strange Fruit": "Se a ira dos explorados já foi além do suportável no Sul, agora há a sua Marseillaise"
Em dezembro de 1999, a revista Time deu a "Strange Fruit" o título de canção do Século.
Em 2002, a Biblioteca do Congresso colocou a canção dentre as 50 que seriam adicionadas ao National Recording Registry.

Um registro fascinante de "Strange Fruit" na voz que melhor interpretou a canção, Billie Holiday:
 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Billie Holiday: a maior cantora de Jazz de todos os tempos



Billie Holiday (Filadélfia, 7 de Abril de 1915 — Nova York, 17 de Julho de 1959), Lady Day para os fãs, é por muitos considerada a maior de todas as cantoras do Jazz.

Nascida Eleanor Fagan Gough, foi criada em Baltimore por pais adolescentes. Quando nasceu, seu pai, Clarence Holiday, tinha quinze anos de idade e sua mãe, Sarah Fagan, apenas treze. Seu pai, guitarrista e banjista, abandonou a família quando Billie ainda era bebê, seguindo viagem com uma banda de jazz. Sua mãe, também inexperiente, frequentemente a deixava com familiares.
Menina americana negra e pobre, Billie passou por todos os sofrimentos possíveis. Aos dez anos foi violentada sexualmente por um vizinho, e internada numa casa de correção para meninas vítimas de abuso. Aos doze, trabalhava lavando o chão de prostíbulos. Aos quatorze anos, morando com sua mãe em Nova York, caiu na prostituição.

Sua vida como cantora começou em 1930. Estando mãe e filha ameaçadas de despejo por falta de pagamento de sua moradia, Billie sai à rua em desespero, na busca de algum dinheiro. Entrando em um bar do Harlem, ofereceu-se como dançarina, mostrando-se um desastre. Penalizado, o pianista perguntou-lhe se sabia cantar. Billie cantou e saiu com um emprego fixo. 
Billie nunca teve educação formal de música e seu aprendizado se deu ouvindo Bessie Smith e Louis Armstrong.
Após três anos cantando em diversas casas, atraiu a atenção do crítico John Hammond, através de quem ela gravou seu primeiro disco, com a big band de Benny Goodman. Era o real início de sua carreira. Começou a cantar em casas noturnas do Harlem (Nova York), onde adotou seu nome artístico.
Cantou com as big bands de Artie Shaw e Count Basie. E foi uma das primeiras negras a cantar com uma banda de brancos, em uma época de segregação racial nos Estados Unidos (anos 1930). Consagrou-se apresentando-se com as orquestras de Duke Ellington, Teddy Wilson, Count Basie e Artie Shaw, e ao lado de Louis Armstrong. Billie Holiday foi uma das mais comoventes cantoras de jazz de sua época. Com uma voz etérea, flexível e levemente rouca, Sua dicção, seu fraseado, a sensualidade à flor da voz, expressando incrível profundidade de emoção, a aproximaram do estilo de Lester Young, com quem, em quatro anos, gravou cerca de cinquenta cações, repletas de swing e cumplicidade. Lester Young foi quem lhe apelidou "Lady Day".
A partir de 1940, apesar do sucesso, Billie Holiday sucumbiu ao álcool e às drogas, passando por momentos de depressão, o que se refletia em sua voz.
Pouco antes de sua morte por overdose de drogas, Billie Holiday publicou sua autobiografia em 1956, Lady Sings the Blues, a partir da qual foi feito um filme, em 1972, tendo Diana Ross no papel principal.

Músicas de sua autoria:
  • "Billie's Blues" (1936)
  • "Don't Explain" (1944)
  • "Everything Happens For The Best" (1939)
  • "Fine and Mellow" (1939)
  • "God Bless the Child" (1941)
  • "Lady Sings the Blues" (1956)
  • "Long Gone Blues" (1939)
  • "Now or Never"(1949)
  • "Our Love Is Different" (1939)
  • "Stormy Blues" (1954)
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    segunda-feira, 19 de setembro de 2011

    Apresentação

    Então... Aos poucos que visitarem este blog, com o tempo perceberão que sou relapso mesmo e, geralmente, não levo esse tipo de coisa muito à diante.
    Minha intenção eu nem sei qual é, portanto, não esperem muito.
    Por enquanto é isso. Vou procurar algum assunto relevante e depois postarei aqui.

    That's it! =)

    xoxo